Para os integrantes
da Vila-Escola Projeto de Gente o ano de 2014 trouxe profundas
novidades. Porém, antes de conversar um pouco sobre estas novidades,
é importante lembrar que elas não surgiram repentinamente. De fato,
fazem parte de um processo que vem se desenrolando há sete anos.
De todo modo, neste
início de ano, nos sentimos frente a um portal que, como disseram
alguns educadores, já foi ultrapassado... e o trabalho segue. Como
vivemos em uma vila de pescadores podemos nos apropriar de uma bela
metáfora: a Vila-Escola é uma pequena e singela esquadra de barcos
com formas diversas que sentem prazer e alegria em navegar juntos,
partilhando conhecimentos, habilidades e sonhos. Hoje, estes barcos
navegam por renovados mares, impulsionados por renovados ventos.
2013 marcou a saída
da solidão que vivíamos neste grotão do Brasil. A partir da ida ao
Colóquio das Invenções Democráticas, da participação dos
Encontros de Escolas Democráticas realizados em São Paulo –
pudemos estar em dois deles –, culminando com o convite para
apresentar o nosso trabalho na I CONANE (Conferência Nacional para
Alternativas na Educação), em novembro, passamos a nos sentir mais
integrados a uma bela rede de pessoas – outros barcos – que
conversam sobre educação, sobre a caminhada das crianças na vida,
sobre as circunstâncias do campo onde esta caminhada se dá.
2014 iniciou com a
realização, em Cumuruxatiba, de um Encontro de Escolas Democráticas
durante o carnaval. Para nós este foi um símbolo importante de
nossa abertura, um símbolo que sinalizava que, agora, não estamos
mais sós. Ainda temos muito a aperfeiçoar para melhor aproveitar
estes contatos, mas já respiramos outros ares – os ventos
renovados.
Também neste
primeiro semestre fomos convidados a nos apresentar na Faculdade de
Psicologia da PUC-RJ, uma pesquisadora da Universidade do Rio Grande
do Sul iniciou uma pesquisa que envolve nossas crianças com crianças
do extremo sul do país.
Na mesma rota,
reorganizamos a apresentação de contas, estamos planejando com mais
eficiência nosso dia a dia, embora sem perder o nosso jeito de nos
manter abertos para o fluxo inesperado da vida que se manifesta
livremente e em comunhão com cada parceiro de rede.
Seguimos com os
Projetos de Saber de música, natação e culinária. E um novo
caminho abriu-se.
Convidamos, agora,
vocês a conhecer como surgiu este caminho. Muitas vezes sentimos,
adultos e crianças, que as leis que regem o cotidiano da Vila-Escola
são profundamente diferentes, opostas na maioria, às leis da
sociedade em que estamos inseridos. Aqui, na Vila-Escola, buscamos
colaboração; lá, a competição prevalece. Aqui, buscamos
consenso; lá, a democracia virou jogo onde um ganha, outros perdem –
e estes, reativos, tentam derrubar o que ganhou. Aqui, falamos e
tentamos viver em concórdia; lá, vinga a discórdia. Aqui, buscamos
a paz; lá a guerra está nas manchetes. Aqui, crianças e adultos
são ouvidos e considerados como seres únicos e legítimos; lá, as
crianças são submetidas a uma poderosa padronização. A lista
segue... Se perguntamos para dez pessoas se elas concordam com os
rumos da sociedade, dez não concordam, dez dizem que a sociedade não
é como gostariam.
Cada dia com mais
clareza percebemos, que, antes da aquisição dos conhecimentos
advindos da curiosidade humana, precisamos conhecer quem somos,
manifestar quem somos e combinar com o outro que também é
e se manifesta como é.
Pois bem, a partir
da criação de um clubinho, iniciativa das meninas, uma ideia
surgiu: construir, de fato, em nosso espaço, um pequeno rincão que
funciona, não como não queremos, mas sim como queremos. Portanto, a
ideia é, justo, colocar em prática o que pensamos e sentimos.
A V-E está com a
lúdica e séria possibilidade de (re)fundar um país.
Neste pequeno rincão
algumas combinações já foram feitas: não há gente rica ou pobre
– cada um recebeu 500 dourados (o peixe deu nome ao dinheiro que,
quem sabe, um dia deixará de existir); não tem polícia, pois
ninguém quer oprimir o outro; não há uma pessoa que ocupe o topo
da pirâmide do governo – aliás, não há topo nem pirâmide, há
rede, há combinação “entre esses”; iniciou-se um projeto de
desenhos arquitetônicos sobre o espaço deste rincão –cada um
desenhou seu sonho: uns colocaram praça, outros ônibus, outros
lanchonete, outros teatro, um construiu um avião, outros já
construíram um estádio de esporte que já tem nome – Maracangalha
–, um esporte foi criado – o pingpé –, um recanto de
informática já toma forma. Nenhuma criança citou escola – um
educador, então, propôs que a escola do nosso rincão fosse a
Vila-Escola.
Entretanto, tudo é
ainda muito incipiente e corre risco de não vingar. Vamos trabalhar!
E, aqui, você poderá acompanhar os rumos dessa aventura.
Agora curtam fotos e
acontecimentos do semestre:
A nova biblioteca da Vila

E com vocês: Sávio e Joãozinho....

E na Roda....

e na reforma das mesas, todos viraram marceneiros...

e para mandar cartões para os amigos colaboradores de Londres...Oficina de papel reciclável !!!!!

Obrigada Meninas!!!!

o Kaleb adorou também...





E o estádio do Maracangalha

E os cada vez mais deliciosos....LANCHEEEES!!!

Oficinas de Culinária com a Rodinê...

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